Ame no Iwaya

Ame no Iwaya são palavras em japonês que traduzidas significam Gruta Celeste.
Quando a deusa Amaterasu se indispõe com o seu irmão recolhe-se numa caverna e fechando-a com uma rocha, escurece o mundo, pois ela é a deusa do sol. O mundo novamente se ilumina quando os deuses a incitam a sair festejando ruidosamente diante da caverna.
A cena descrita na mitologia xintoísta japonesa cria também uma imagem que o Fundador, Morihei Ueshiba utiliza para definir o Aikido como a segunda abertura na rocha . Enquanto o mundo é iluminado inicialmente pela luz da criação divina, no segundo momento a Terra se transforma pela luz emanada de cada pessoa quando é removida a rocha que bloqueia o coração. Ame no Iwaya, abre-se a gruta celeste onde se aloja o coração.
A imagem poética poderia servir apenas de inspiração filosófica ou espiritual se não contivesse ensinamentos bem práticos. A conexão que harmoniza, ou seja , a comunicação eficiente, se dá quando a pedra retirada abre o espaço para o coração se expressar. É o gesto de empatia que nos tira da caverna onde nos refugiamos fechando possibilidades de contato genuíno.
No tatame – e na vida - medimos o outro por nós mesmos. Enquanto nos refugiamos na caverna bloqueando a saída da luz impedimos que a caverna se ilumine e se transforme em uma gruta celeste. Não reconhecemos a luz no outro, e não projetamos a nossa.
A caverna é um falso refúgio . Ela representa as nossas certezas , as mesmas que nos impedem olhar para o que não sabemos.
Ame no Iwaya foi o nome dado ao meu dojo, pelo meu sensei Motomichi Anno quando me inspirei em fazer um local de treino de Aikido. Contei para ele um sonho recorrente meu , com o Fundador, em que ele retira uma pequena espada da bainha e com ela parte uma rocha que bloqueia a vista do céu e das montanhas, me acenando para ir em sua direção. A minha sensação de medo era tão cortante quanto a lâmina da espada e eu acordava suando. Finalmente concordei em ir , atendendo o chamado – mas foram preciso três sonhos, três noites!
Seguir o caminho , quebrando a pedra que fecha a passagem para o coração, assusta. A nossa própria luz , aos nossos olhos pode parecer excessiva ou imerecida, se nos acostumamos a ver em nós mesmos pessoas incapazes da auto escuta generosa , ficando assim igualmente impossibilitados de escutar o outro.
Kumano, 1º de junho de 2018 – 24 °C – Ensolarado.
A prática do Aikido deve estar conectada à verdade do Universo.
Se o que fazemos não estiver conectado ao caminho universal, é apenas uma empreitada egoica.
TakemussuAiki (o movimento que surge naturalmente na relação com o outro) é uno com o Budô.
Não há outro caminho no Aiki senão a Grande Paz, Harmonia e o Grande Amor.
AME NO IWAYA DOJÔ
(Dojô Caverna Celeste)
Nele o aprendizado será feito se a divindade puder se manifestar
Masakatsu - fé em vencer com o coração justo.
Agatsu - fé em vencer a si mesmo, superando o apego e o egoísmo.
Katsuhayashi - emitir o Ki sem hesitar e controlar o adversário. A verdadeira vitória é a vitória sobre si mesmo e como um raio, num instante, realiza o golpe de mestre.
As pessoas podem ser nutridas para expressar essas coisas: shin - verdade, zen - perfeição e bi - beleza, com o propósito de criar a paz mundial e a felicidade para todos os seres humanos.
Motomichi Anno
Olga Curado

Sou escritora, jornalista, praticante de Aikido.
Como atividade profissional oriento pessoas e organizações na estratégia de elaboração de mensagens a partir do iVGR, índice que mede imagem e reputação, descrito no livro que escrevi , A imagem revelada.
Por quase quinze, estive na Rede Globo de Televisão. Fui diretora de jornalismo no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, em Londres, andei pelo Brasil todo coordenando as emissoras afiliadas.
Aprendi fazendo. Do primeiro debate entre candidatos à Presidência da República até a Rio 92 – quando ninguém ainda sabia o que era o movimento ecológico, da cobertura de mais de cem sequestros ou dirigindo a transmissão dos desfiles das escolas de samba do Carnaval do Rio...
Fui repórter, editora e correspondente internacional, participando de grandes redações, como O Globo, Jornal do Brasil e O Estado de S. Paulo, no Rio de Janeiro, em Brasília, nos Estados Unidos.
Escrevo livros. Infantis, histórias, poesia, comunicação e comportamento. No livro Viver sem crise – apresento os fundamentos do meu trabalho encontrados na prática do Aikido que treino há quase 20 anos, tendo atualmente a graduação de 3rd Dan, Sandan, pela Fundação Aikikai do Japão.
Sou responsável pelo Dojô Ame no Iwaya, localizado no Centro de Estudos Bodisatva- CEBB, em Viamão, na grande Porto Alegre. Treinei por quase 17 anos na APA – Associação Pesquisa de Aikido, com Keizen Ono Shihan, em São Paulo. Sou atualmente aluna do mestre Motomichi Anno, do Funada Dojo, de Kumano, no Japão .
No livro Uma jornada mágica - o poder secreto do Aikido - relato a minha aventura como aikidoísta.

O Dojô
O Dojô é o local de treino.
Todos os que frequentam o Dojô participam dos cuidados com a sua limpeza, organização e manutenção.
Um comportamento respeitoso é esperado de todos.

Entrada no Dojô
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Não entrar no Dojô usando sapato / tênis / chinelos / sandálias, boné ou lenço na cabeça;
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Na porta de entrada, fazer uma reverência juntando os pés e mantendo as mãos lateralmente ao corpo, flexionamos 45 graus a coluna, que se mantém ereta.
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A reverência é uma manifestação externa de respeito e de humildade que deve vir da clara compreensão e do sentimento puro de apreço e gratidão pelos ensinamentos.
Antes do treino
A higiene faz parte do treino, portanto:
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Manter o corpo limpo;
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Manter o quimono limpo. O cheiro de suor perturba o parceiro e o ambiente;
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Lavar os pés com água e sabão no lavatório antes de entrar no tatame;
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Os praticantes devem usar chinelo exclusivo no Dojô – que fica guardado em local designado –para ir aos vestiários e banheiros.
Entrada no Tatame
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Fazer duas reverências: a primeira ao Kamidana (altar) e a segunda ao sensei ou responsável pela aula.
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Ficar em seiza (de joelhos com os quadris apoiados nos tornozelos) de frente para o Kamidana.
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Juntar as mãos na altura do rosto e em seguida inclinar a cabeça com as mãos juntas espalmadas em triângulo no tatame, mantendo os dedos juntos.
No Tatame
Ouvindo as instruções:
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Manter o silêncio e a postura adequada, coluna ereta.
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Sentar-se em seiza ou com pernas cruzadas se sentir dores nos joelhos.
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Nunca fique de pé enquanto o sensei ensina.
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Não apoiar nas paredes.
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Não cruzar os braços.
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Não mascar chiclete ou comer dentro do tatame.
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Não usar joias ou acessórios nos cabelos, nos braços ou nas pernas, que podem machucar a si e ao parceiro.
Treinando
Atenção e agradecimento:
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O/A sensei faz a demonstração e explica o kata (golpe).
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Assim que o/a sensei acaba a explicação, fazer reverência de agradecimento falando em voz baixa: “DÔMO ARIGATÔ GOZAIMASHITA” (Muito obrigado pelo ensinamento).
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Dirigir-se então a um parceiro, ainda em seiza, e fazer diante dele ou dela uma reverência, indicando seu desejo de treinar e falando em voz baixa: “ONEGAI ITAISHIMASU” (por favor, me ajude).
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Quando o/a sensei bate palma, sinalizando o encerramento da prática, cumprimentar o/a parceiro/a fazendo uma reverência em agradecimento, em seiza, mantendo-se assim para aguardar novas instruções.
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O/a sensei faz uma nova demonstração e, quando terminar, deve ser feita ao/a sensei uma nova reverência, mantendo-se na posição mais inclinada que este e se levantando depois que o/a sensei o fizer.
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Se precisar sair momentaneamente do tatame durante um treino, fazer uma reverência de pé, na direção ao altar, em respeito ao/a sensei, e ao retornar repetir o cumprimento.
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Quando tiver dúvidas, procure orientação do/a sensei, “SENSEI, ONEGAI ITAISHIMASU” (por favor, me ajude).
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No início e término da aula, alinhar-se em seiza, de frente para o Kamidana, obedecendo à graduação de faixa, e dentro das faixas, por idade, para as reverências necessárias. O/a mais graduado/a mantém-se à direita do sensei.