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  • Foto do escritorOlga Curado

O sofrimento desnecessário


A banalização das grosserias como forma de comunicação atrofia a boa convivência e produz sofrimento. Um sofrimento desnecessário pois a sua única razão de ser é fazer o outro infeliz, e daí emergir a alegria de passageira auto gratificação.


Quando a brutalidade da fala apenas serve para desqualificar o outro, seja por ser quem é, por pensar o que pensa, por estar numa ou outra condição funcional, econômica ou social, só posso enxergar aí sadismo social, numa disfunção cuja única finalidade é machucar.


As regras que organizam as relações civilizadas precedem as escolhas ideológicas. Entretanto, se a crueza sustenta as atitudes da autoridade pública há que se perguntar a que serve ela, já que a dita autoridade passou pela alfabetização social, e não é razoável imaginar a sua sobrevivência sem um mínimo de traquejo.


Se pessoas cuja função pública tem sobre si holofote permanente, e as suas palavras reverberam continuadamente pela mídia, utilizando esse lugar de poder, sem levar em conta a sua própria institucionalidade e apresentam se expressam de forma grotesca, intimidadora, ofensiva, esse discurso desqualificante é arma política.


Mentir para se defender de mal feito e se servindo da mentira acusar para deliberadamente prejudicar alguém , é a banalidade do mal, para usar uma referencia consagrada pela filósofa Hanna Arendt sobre as decisões corriqueiras para a prática de atrocidades, durante o nazismo.


Mentir para atacar críticos, desacreditar opositores , manipular ignorantes é parte da fantasia daqueles que se acreditam intocáveis cuja vocação tirânica fica indisfarçável pelo gozo que tem com as próprias palavras, simplesmente pelo impacto adverso que produzem. Já vimos personagens assim em períodos da História que preferíamos não ter que lembrar, mas que é essencial não esquecer. Milhões de pessoas morreram vitimadas pelas falas de ódio.


Qual seria o sofrimento necessário? A dor do crescimento do adolescente que caminha na trilha da infância para a juventude, a queda no tatame no aprendizado da técnica do Aikido quando cair ainda é um mistério doloroso, as vertigens do empreendedor que sonha e inicia o seu negócio, a descoberta das próprias limitações, a descoberta dos próprios talentos e as escolhas com as responsabilidades decorrentes...São as dores necessárias aquelas da criatividade, da arte, da compaixão, da tristeza que reconhece poder no luto que honra a perda.


O sofrimento desnecessário é a imputação de dor por autismo social, por ganância política, por insensibilidade humana.


O despertar da consciência individual para a empatia irá conter alguma dor, porém apenas a ação da consciência coletiva irá impedir um imenso sofrimento desnecessário.


A comunicação , como o remédio, é cura e é morte. A maneira como as palavras são escolhidas e publicadas são fermento para a boa vontade ou são sementes daninhas. E, como qualquer um que cultiva plantas sabe, as ervas daninhas são determinadas em ocupar todo espaço fértil e impedir que fores e frutos floresçam.

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